Lei de Incentivo à Cultura
Hélio Barcellos Jr.

Jornal do Comércio – Porto Alegre

10º Porto Alegre em Cena

Setembro 2003

Híbrido que funciona bem

Em Truveja Pra Nóis Chorá, a Verve Cia. de Dança consegue cativar e ganhar a simpatia do público com sua proposta de dançar mecanismos e tempos dos que vivem fora dos grandes centros. O grupo, da pequena cidade de Campo Mourão, no Paraná, chamou atenção em todo País por sua coreografia de 2002, a tecnológica Plástico. Em Truveja, que completou sua centésima apresentação, ontem no 10º Porto Alegre em Cena, a Verve se volta para a brasilidade e consegue estabelecer uma identidade própria, fugindo totalmente das fórmulas consagradas, e às vezes imitadas, de grupos como o Corpo (MG) e o Stagium (SP). Em cena, músicas muito antigas, de um mundo caipira que parece não existir mais, saem, por exemplo, de um rádio caindo os pedaços. Cantam letras como “o teu coração é de pedra, não tem nem um pouco de amor...”.

As coreografias fazem a fusão de vários ritmos brasileiros e se aproximam do teatro, os bailarinos dizem textos, produzem onomatopéias e a ação também permite a identificação de personagens. Sua dança é bem-humorada, inusitada e muito acrobática. Os bailarinos, em especial Moacir Coletto e a gaúcha Mariusa Bregoli, são excelentes. O espetáculo vai crescendo e culmina com uma coreografia protagonizada por zumbis que saem de seus túmulos. E tudo termina em chuva, ao som de Segue a Seco, de Marisa Monte. Para 2005, o grupo, dirigido por Fernando Nunes, prepara a estréia de Feique.